domingo, 20 de janeiro de 2013

De dedo podre à escritora: transformando tragédias em comédias!

   De dedo podre à escritora: 
transformando tragédias em comédias!
                                                                                                Josimara Neves


Cansada de ser rotulada como “diferente”, saturada de ouvir as pessoas dizendo que eu “tenho o dedo pobre”, complexada por ter o cabelo “rebelde” e insatisfeita com os homens resolvi transformar os meus dramas em comédias!



Mulheres, qualquer mera semelhança não passa de coincidência!!!!Rs...
Bem, é difícil escolher qual história compartilhar, afinal, eu – como uma boa mineira que se preza – tenho muitos “causos”, e o melhor de tudo, VERÍDICOS!
Antes de me tornar a mulher que hoje sou (decidida, autêntica, de bem comigo e com a vida, uma quase “Vampe”), eu vivia me questionando sobre o porquê de ser diferente das outras mulheres e de minhas amigas, a começar pelo cabelo: todas as mulheres do Universo (Desculpem-me, mas sou “hiperbólica!”) decidiram eleger a Barbie como padrão de beleza, e eu nunca tive nada de Barbie, muito pelo contrário, se chegasse a parecer com uma boneca seria com a Chuquinha (baixinha, bochechuda, gordinha, barrigudinha).
Certa vez um “ser” chegou a me dizer que eu parecia a “Bebê Repolhinho.” Que agressão à minha feminilidade, meu Deus! Que mulher na vida quer ser parecida com um repolho (enrolado, enrugado, fedido e que causa efeitos colaterais indesejáveis?). Confesso que, no momento em que recebi esse “elogio” (na cabeça dele), achei tão “meiguinha” a ideia de ser comparada a uma boneca já que, comumente, eu me sentia a Bruxa do 71! Na verdade, para alguém chegar a me comparar a um “Bebê Repolhinho”, eu deveria parecer indigesta! Fui ver depois na internet como era essa boneca e, sinceramente, até hoje eu não sei o motivo da analogia, também, pouco me importa, pois essa boneca jamais seria reconhecida com um nome desse, ainda mais diante do “Império da Barbie” e também porque com o meu cabelo – que mais parece um coqueiro –, eu jamais entraria para o Clube das Barbies, graças a Deus!
Não sou esquelética, nem loira, nem alta e, para completar, eu tenho o cabelo enrolado, armado e volumoso! Optei por assumir a minha natureza selvagem e mostro o meu lado leonino com muito gosto! Sim! Talvez muitos me rotulem de burra por eu não ter escolhido fazer uma escova inteligente, pode ser que me achem retrógrada por também não ter feito escova progressiva, mas o fato é que, depois de ter ido a uma Boate com uma amiga, ter visto mulheres fazendo escova no banheiro da mesma e eu ser uma das poucas que não eram loiras e, praticamente, a única com o cabelo enrolado (na ocasião, ruivo) e amarrado pra cima numa versão “Pedrita”, eu me senti a “Moranguinho” na Festa da Barbie sem ser convidada! Depois daquele dia, eu caí em mim percebendo que, de fato, eu sou mesmo diferente! Nas baladas ninguém chegava em mim, não sei se porque eu era a Moranguinho ou por ser a quadrada que não bebe, não cheira, não fuma nem cigarro nem back e que mantém a consciência plena até o final da festa, tornando-me ainda mais inacessível. Ficava complexada me perguntando:
 “__ Será que eu sou a mais feia de todas? Qual é o meu problema?”
Então, para responder a essa pergunta, certo dia resolvi que ficaria com uma lata de cerveja na mão a noite inteira, se eu aguentasse, para ver se assim eu pareceria mais vulnerável – para não dizer na linguagem popular “mais facinha” para ser “caçada!” E assim fiz! E sabem qual foi o resultado? Fiquei com um moço que toda hora me dava  uma latinha de cerveja achando que eu bebia e, na medida em que ele me empurrava o “álcool”, eu simulava que estava cada vez mais “tonta” (sou ótima atriz quando precisa) e jogava a cerveja para um amigo que estava atrás de mim! Como aquilo não passava de um teste, não me importei, caso ele pensasse que eu bebesse, mas, certamente, não fingiria de tonta se ele tentasse ultrapassar os limites!
O fato é que comigo tudo não acontecia e, quando acontecia, sempre era bem mais tarde do que para as minhas amigas e, com grande predominância para vivências atípicas – para não dizer esquisitas. Por dentro eu me sentia “a última das moicanas”. Demorava séculos para ficar com alguém e, quando acontecia, sempre algo estranho pairava no ar. Depois eu contava os meus casos para as minhas colegas e amigas como se tudo o que eu tivesse vivido fosse o mais comum e natural possível até ouvir mais de 1500 vezes:
“___ Josi, você tem o dedo podre!  ou
 Isso só acontecesse com você!  ou
Tinha que ser com você! ou
 Onde você encontra essas pessoas?”
Não sei ao certo o porquê de elas dizerem isso, afinal de contas, quando conheci o Juninho (nome fictício) não sabia que era esquizofrênico, nem que ele tinha tiques de ficar chutando as pernas debaixo da mesa enquanto jantávamos em um restaurante, eu iria saber que indo assistir ao filme “Fim dos Tempos” no cinema – sentando lá na frente –, ele daria uma gargalhada descontextualizada cada vez que uma pessoa morria como se tivesse assistindo à Ingrid Guimarães com a calcinha vibratória no campo de futebol em “De pernas pro ar?” Nessa ocasião, eu fui escorregando o corpo pela poltrona, abaixando a cabeça e, no final, quase terminei de assistir ao filme agachada no chão de tanta vergonha!
Não tô falando? Comigo as coisas, literalmente, acontecem! Não estou dizendo isso por já ter ficado com cadeirante, esquizofrênico, gago, com quem tinha vitiligo, pessoas indecisas sexualmente, com o nome no SPC, maníacos do parque e assim vai. Para mim, isso era completamente normal, mas para as outras pessoas não! E foi por isso e por já não aguentar mais ouvir: “Você tem o dedo podre!” que resolvi transformar as minhas tragédias em comédias! Eu disse pra mim mesma:
“___ Um dia vou lucrar com tudo o que já me fez chorar!”
Decidi que iniciaria a minha carreira como escritora lançando um livro sobre o universo masculino e assim eu fiz. Em 2009, comecei a escrever “Entre sem Bater” –  um livro totalmente sinestésico e unissex – que fala sobre tipologias masculinas (o qual teve a participação de minha irmã primogênita na escrita) e, em 2011, ele foi lançado!  Com isso, eu sei que muitos leitores se divertem com a minha forma de ressignificar as histórias e os causos de minha vida, pois foi assim que eu transformei “o dedo podre” em “mãos de fada”, como diz a minha mãe! Hoje, os meus dedos tecem a minha história e eu só uso o indicador (ex-dedo podre) quando quero advertir algum homem:
“ __  Não dê um passo a mais! Fique onde está!”  (rsrs)


6 comentários:

  1. seu blog é muito legal e tem que ter muita coragem pra contar coisas principalmente sobre vc mesma...Domingo eu estava assistindo de FRENTE COM GABI e tema era como o homem faz para seduzir uma mulher ou melhor conquista-la. O entrevistado era Eduardo Santurine e tudo começou com o blog que ele fez por brincadeira por ter sido muito tímido na infância, e pala sua primeira namorada, depois que ele foi seduzido por ela e em seguida largou dele...enfim hoje ele é especialista com 20 anos e faz terapia com rapazes tímido que não consegue e nem sabe como chegar em uma mulher e tudo isso começou por tudo que ele passou. Foi interessante por simples brincadeira hoje ele ajuda muitos homens entre 18 a 30 anos. Boa sorte.

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  2. Olá, Laudicéia! Seja muito bem-vinda!!! Agradeço-lhe por estar curtindo esse espaço catártico, poético, filosófico, motivacional e satírico. De fato, tem que ter mesmo muita coragem não digo que de me expor,mas me mostrar. Infelizmente, a maioria das pessoas prefere mostrar para a sociedade só o que lhe convém, por medo de julgamentos e de críticas. Confesso que para chegar a esse estágio de falar sobre as minhas vivências para as pessoas antes eu tive muitos diálogos internos e, na medida em que fui encontrando as minhas respostas, senti-me pronta para externalizar os meus pensamentos e sentimentos. Quando nos deparamos com as histórias alheias, sentimo-nos tocados e possibilita a reflexão. Não quero me expor só por exposição. Desejaria que as pessoas compreendessem que viver é loteria e que se a gente não joga, não tem chance de ganhar, ou seja, tudo aquilo que eu busco tem um propósito e quando não acontece do jeito que eu gostaria, dou meu jeito de me curar por dentro e continuar vivendo as minhas experiências sem deixar que os cactos cravados no meu coração me impeçam de sonhar e de ir em busca dos meus desejos e aspirações. Vou ver sobre o Eduardo Santorini, obrigada pela informação! Muita luz e paz! Bjim

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  3. Obrigada...pode ate ser por medo de critica mas a maioria ou a minoria rsrsr vivem no mundo que tudo é feio ou preconceituoso não consiga se mostrar ou por pra fora o que realmente esta sentindo é difícil eu falo por mim mesma. Na vida tem muitos acontecimentos que só vc mesma entende...É eu acredito que foi muito difícil mesmo pelo pouco que vc contou na sua biografia... Na minha opinião ter diálogo interno vai ter muitos pontos "?" porque muitas vezes não entendemos nossa própria existência nesse mundo misterioso" cheio de mistério, fantasia, alegria, sofrimento e o principal conhecer o ser humano..."Tem uma frase que combina com vc" passado é uma cortina de vidro. Felizes os que observam o passado para poder caminhar no futuro." (ALGUSTO CURY)Será que existe a cura por dentro?.. principalmente cactos no coração rsrs...Luz e paz pra vc também beijos tenha uma boa tarde

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  4. Nossa!!! Descobri hoje ao acaso o seu blog pela internet e acho que foi um 'achado'.
    Você tem muito conteúdo e também muitas histórias para contar!!! Fiquei encantado!
    Vou divulgá-lo para os meus amigos!!! Muito bom mesmo!!!Dá vontade de ler tudo, mas tem muita coisa!!
    Parabéns!

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  5. Também adorei! Bem diversificado de conteúdo! parabéns!

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  6. Quem dera todas as pessoas conseguissem transformar os traumas em escadas do sucesso! Não é fácil não.Bom que vc conseguiu!

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