sábado, 13 de julho de 2013

Talvez um dia, quem sabe!



                                                    Fonte: ventosnaprimavera.blogspot.com

Talvez um dia eu consiga olhar no espelho e ver tudo aquilo que as rugas não expressaram, as marcas não registraram, o sol não queimou, o corpo ocultou...

 Talvez um dia, quem sabe, as vozes silenciadas possam ecoar como gritos de libertação...

 Talvez um dia, quem sabe, o não dito possa ter a coragem de dizer o que a alma já não consegue mais guardar como segredo...

 Talvez um dia, quem sabe, os segredos não façam mais sentido de existir...

 Talvez um dia, quem sabe, eu resolva tirar a maquiagem, as armaduras, as couraças e desarmar-me! 

 Talvez um dia, quem sabe, o sol volte a nascer dentro de mim...

 Talvez um dia, quem sabe, apenas com o olhar eu consiga ser vista...

Talvez um dia, quem sabe, eu consiga bailar com o vento ao seu sopro, sentir-me “soprada” por dentro!

 Talvez um dia, quem sabe, eu possa ser somente um coração corajoso que não se estremece todo diante da possibilidade de ser “tocado”... 

 Talvez um dia, quem sabe, eu abra os olhos achando que estava dormindo e acorde em meio a um sonho real... 

 Talvez um dia, quem sabe, acordada eu viva sonhando! 

 Talvez um dia, quem sabe, eu sente na praça, jogue fora o relógio, abra o jornal e comece a ler como se nada, mas nada mesmo, existe ao meu redor. 

 Talvez um dia, quem sabe, o silêncio dê as mãos para a solidão e juntos resolvam povoar outro coração...

 Talvez um dia, quem sabe, a minha alma consiga integra-se ao meu corpo para que deixe de volitar por vales e colônias longínquas... 

 Talvez um dia, quem sabe, a falta não me faça tanta falta quanta a falta que já me faz falta! 

 Talvez um dia, quem sabe, eu consiga arrumar a gramática da minha vida: colocar os pingos nos “is”, acentuar o que for importante, abreviar o que me delonga, separar com hífen sentimentos que podem viver perto um do outro, mas não juntos... Exclamar mais do que interrogar...Parar de usar tantos apostos como se eu tive que me explicar o tempo todo... Eliminar parênteses, cortar as “aspas” e ser mais “eu.” Parar de agir como se tudo tivesse um ponto final...Usar mais vírgulas, dar mais pausa para mim mesma... Evitar as reticências que, quase sempre, são as responsáveis por me ausentar do palco onde a vida- realmente- acontece!

 Talvez um dia, quem sabe, poeticamente falando eu consiga achar o modo certo de conjugar o verbo “amar” sem ferir a gramática do meu coração! 

Autoria: Josimara Neves

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