segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


Dicionário da alma!
Josimara Neves




As palavras não são meramente o que constam no dicionário. Definir o amor em forma de vernáculo é como descrever o céu sem incluir as estrelas e a lua. É como dizer que criança é um conceito que fala sobre uma fase do desenvolvimento humano sem incluir a inocência pueril, o mundo do faz de conta, a felicidade gratuita contida naquilo que é essencial e que só descobrimos quando crescemos.
Dizer que a saudade é nostalgia é uma pobreza vocabular, mas acima de tudo, sentimental. Saudade é aquele sentimento que justamente por ser tão intenso e pulsante, muitas vezes, não  há palavra que o defina. Talvez um abraço de quem se foi, a presença de quem nos marcou, o cheiro de quem amamos, a voz que tanto nos falou, a risada de quem nos fez feliz possa melhor explicar o conceito de saudade! Saudade é – para mim – o desejo do retorno, do reencontro e de tudo aquilo que de tão bom que foi acabou por se petrificar dentro de mim! Às vezes eu penso que a saudade congela - dentro de nós- as memórias que desejamos não esquecer! Saudade é a forma que encontramos de não deixar morrer o que nos mantém vivos, é como uma esperança pretérita, àquela que nos preserva o desejo de voltar para poder sentir novamente o que foi sentido uma vez, mas que é relembrado sempre! Saudade é fechar os olhos e enxergar por dentro, é ser capaz de descrever um momento que aconteceu há muito tempo com a emoção de como se fosse ontem. Saudade é uma tatuagem que as lembranças desenham na alma para não nos esquecermos de tudo aquilo que nos “marcou.”
Falar que  felicidade é qualidade ou estado de quem é feliz não diz nada sobre o que é ser feliz! Felicidade é a melhor forma de não caber em si mesmo, por isso, quem é feliz é extravagante: ri alto, gesticula, movimenta, pula, grita, canta no chuveiro, dança na chuva e contagia! Eu não conheço nenhuma pessoa que seja feliz que não queira compartilhar alegria, pois, a felicidade possui uma magia que se esparrama pelo ar, arranca sorrisos, causa surpresas e desperta amor! Felicidade é a forma que a alma encontrou de pôr para fora o que não cabe dentro! É a arma dos fortes e o segredo dos encantadores! Felicidade é a maneira que o otimismo encontrou de colocar emoção em nossas ações e de aquecer os corações!
Definir vida como modo de viver é tão abstrato quanto dizer que morte é o não viver!
Vida é vida! Só de  pronunciar dá vontade de gritar “viva!” Vida é o brilho que mantém os olhos da alma abertos, é a pulsão do querer, do desejar, do sonhar! É tudo aquilo que traz movimento e que nos impulsiona a ir para frente, é o descontentamento que nos faz buscar novos horizontes, a insatisfação inquietante que proporciona o desejo de mudança, a rebeldia que nos leva a não aceitar menos do que merecemos! É a capacidade de dizer “não” para tudo aquilo que não acrescenta, não soma e nem faz diferença.
Vida é o movimento de não entregar-se à morte, é a luta incessante, a busca constante, os sonhos latentes!
Vida é o “sim” que dissemos a Deus quando aceitamos nascer!
Vida não é apenas o que nos mantém vivos, mas sobretudo, tudo aquilo que não nos deixa morrer!
Por esses e outros conceitos que não dá para considerar apenas o que o dicionário define. O verdadeiro significado das palavras é o mesmo que acontece com as fotografias: o que não foi registrado é, verdadeiramente, o que fica!

Abra o seu coração e consulte o dicionário de sua alma!!!
Boa semana!!!
Beijo da Jô

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.