quarta-feira, 3 de julho de 2013

Brasil: país do futebol ou do gigante adormecido?


 A opinião do brasileiro ultimamente tem oscilado mais do que a bolsa de valores, se altera mais do que os status de relacionamentos dos facebookianos que, numa fração ínfima de tempo, muda o status de relacionamento de “solteiro” para “em um relacionamento sério”, de “em um relacionamento sério” para noivou”, de “casado” para “solteiro.” Hodiernamente, o que se vê por aí é que a maioria dos brasileiros saiu do status “Deitado eternamente em berço esplêndido” para “Verás que um filho teu não foge à luta”
A inconstância, assim como a hipocrisia, passaram a se evidenciar no Brasil no atual contexto histórico das manifestações populares de um povo ( o meu, o teu, o nosso povo) que até “ontem” vivia criticando o Brasil na época do BBB, passa o ano inteiro falando mal das novelas da Globo, preocupa-se apenas em ler colunas de esporte, fofoca, moda e entretenimento, critica o carnaval, mas quando ele chega bebe até cair, dirige alcoolizado, aproveita o momento de festa e, no clima de samba, marchinhas e bundalelê, o cenário de orgia: pega-pega daqui, pega-pega dali se arma! Pronto, solta a bateria aí, Dj, porque o Brasil vai parar!
Até “ontem”, raramente, ouvia-se alguém bater no peito e se mostrar patriota!
Até “ontem”, bastava saber que a Mangueira tinha sido a campeã das escolas de Samba no Rio ou a Vai-Vai em São Paulo que estava tudo bem!
Até “ontem”, o fato de o Brasil ganhar a Copa do Mundo era o suficiente para dar “orgulho” ao povo brasileiro.
Até “ontem”, o fato de o Brasil sedear a Copa do Mundo não era um problema.
Até “ontem”, era cada um por si mesmo: bastavam os próprios interesses!
Mas agora é diferente! Agora os mesmos motivos que nem eram motivos de revolta e de indignação passaram a ser!
Agora que “o gigante acordou” tá querendo indenização pelo tempo em que passou “dormindo!” E, não bastasse este adormecimento que vendou os olhos do “gigante” para ele não ver a corrupção, as disparidades sociais, as injustiças, as precariedades, os absurdos! Ainda tem mais: o “gigante” (que representa o povo) foi “estuprado” violentamente dia a dia, “obrigado” a fazer o que não queria: a pagar impostos altos, a se submeter a condições que ferem a dignidade da pessoa humana.
Os R$0,20 foi a gota d’água para fazer com que o vulcão – até então adormecido – entrasse em erupção! E foi essa gota d’água que fez o gigante “acordar!” Mas então eu me pergunto:
“___ Será que ele despertou ou acordou?” Será que apenas abriu os olhos momentaneamente ou ficará de olhos abertos daqui para frente?”
Para mim, nem todo mundo que acorda, de fato, desperta! O despertar, na minha simples forma de pensar, exige um processo de autopercepção, conscientização: um olhar atento! Não basta abrir os olhos se não vê o que está se passando ao redor! Não basta acordar e continuar deitado! Ou se levantar, mas ficar parado! Não basta dizer: “Tô indo!” e não ir! Não basta gritar uma vez só – até ficar rouco – e silenciar o restante do tempo!
Não basta espreguiçar, levantar, dar alguns agitos e voltar a dormir! Porque se for assim que o “gigante” funcionar, podemos inferir que se ele tenha acordado em 1992, na “Era Collor, voltando  a dormir até agora, em 2013, na “Era Dilma”;  podemos pensar que esse gigante só acorda quando os problemas adquirem a maioridade: 21 anos! É tempo demais para uma nação ficar adormecida!
Certamente, independente do lapso temporal, não deixa de ser um avanço, afinal, o gigante, pelo menos no atual momento, não está dormindo! Mas quer saber? Continuo achando uma hipocrisia o pessoal dizer que tem orgulho de ser brasileiro quando lhe convém (com as manifestações, quando o Brasil ganha no futebol, enfim, quando é conveniente) e, basta acontecer algum episódio não muito agradável para este mesmo pessoal dizer: “eu tenho vergonha de ser brasileiro!”
Para mim, essa indefinição mostra o quanto ainda não somos consistentes o suficiente para termos orgulho de sermos brasileiros o ano inteiro e não esse orgulho de estação que tem prazo para acabar!
O orgulho, o patriotismo e a autovalorização de um país não podem ser uma questão condicional, muito pelo contrário! Quando existe o real patriotismo, o próprio povo se responsabiliza por lutar pelo que é seu de direito, por cuidar do patrimônio público, zelando pela nação!
Um patriota de verdade não se limita a usar a camisa da seleção só quando tem jogo.
Um patriota de verdade não é simplesmente aquele que veste a camisa, mas sim, aquele que a sua (de suor) o ano inteiro: deixando no solo de seu país o suor do seu trabalho.
Para mim, os pseudopatriotas são como vândalos que se juntam à multidão, tornam-se anônimos, escondem os rostos e, ao invés de lutarem, brigam!
A luta dignifica, a briga invalida qualquer ação!
Patriotas lutam, reinvindicam, buscam melhorias!
Pseudopatriotas brigam, desconhecem as razões de se lutar, não buscam melhorias até porque não querem melhorar, têm instinto agressivo, destroem por destruir.
A prova mais evidente que separa os patriotas dos pseudopatriotas é a bomba de “efeito moral”: quando os policiais lançam bombas de efeito moral, a multidão que preza a moral e a causa pela qual  luta, comumente se dissipa. Já os pseudopatriotas infiltrados na multidão – os vândalos – partem para o ataque não porque se sentiram moralmente agredidos, mas porque a falta de moral aquece o sangue – já quente – para partir para o ataque!
Abaixo a Hipocrisia! Parafraseando Lobato, “um país se faz com homens e livros”, mas não qualquer homem, apenas aqueles que, a meu ver, merecem fazer parte do livro da história deste país!
No mais, Brasil, não me envergonhe!

By Josimara Neves
Este texto - de minha autoria- foi publicado no Jornal do Sudoeste no último final de semana.
http://www.jornaldosudoeste.com.br

terça-feira, 2 de julho de 2013

Eu em minhas complexidades...




Pauta de hoje: "um pouco de subjetividade não faz mal a ninguém"
      O resgate da solidão poética
By Josimara Neves

                                                    Fonte: Google/ imagens                                 
                                                                                                         


Por muito tempo eu fui uma andarilha da vida trilhando caminhos incertos, andando em direções contrárias à multidão. Nadei contra a deriva, recusei-me a boiar na superfície. Divaguei sozinha por falta de uma companhia que pudesse compreender-me nas minhas viagens insanamente lúdicas, realisticamente fantásticas!

Perscrutei tantos caminhos que me desviei de qualquer lugar que me levasse a uma única direção. Temia a mesmice! Entediava-me a ideia de linha reta: sem tropeços, sem curvas, sem atropelos, sem surpresas, sem desafios, sem o encantamento da dúvida escondida atrás das incertezas.

Foram as incertezas que me modelaram tal como a argila a uma obra de arte! Fui c-u-i-d-a-d-o-s-a-m-e-n-t-e modelada! Hoje eu sei que foram os dedos da vida que me apertaram e me esculpiram. Não me sinto pronta, acho que sou uma eterna obra de arte inacabada! A inconclusão desperta interesse, suscita dúvidas, atiça a imaginação, atormenta os neurônios e causa desassossego à alma – por mais adormecida que esteja!

Acho que eu gosto disto: de bagunçar o que estava organizado,mexer no que estava quieto, abrilhantar a escuridão, tirar da zona de conforto tudo aquilo que transforma a alma em paralítica: incapaz de se mover!

Não sei se andei para eu me encontrar...

Não sei se me perdi para forçar-me a andar...

Não sei se andei perdida!

Não sei se perdida andei!

Não sei se me encontrei perdida!

Não sei se perdi e aí eu me encontrei!

E o que eu sei?

Ah, o que eu sei quase ninguém sabe! O que eu sei não me pertence, mas eu escondo! Não é um segredo, nem um mistério e nem um enigma! Escondo porque sei que quando descoberto deixará de existir! Talvez por isso que o silêncio tenha batido à minha porta como o frio que tem feito  de minhas emoções, invernais!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Pauta de hoje:" Hidrelétrica de Belo Monte"

 Quando o que nos resta é lutar enquanto ainda temos "energia" e disposição.

 Veja os impactos ambientais da Hidrelétrica de Belo Monte
 

Questão ambiental: A região pleiteada pela obra apresenta incrível biodiversidade de fauna e flora. No caso dos animais, o EIA aponta para 174 espécies de peixes, 387 espécies de répteis, 440 espécies de aves e 259 espécies de mamíferos, algumas espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem na região), e outras ameaçadas de extinção. O grupo de ictiólogos do Painel dos Especialistas tem alertado para o caráter irreversível dos impactos sobre a fauna aquática (peixes e quelônios) no trecho de vazão reduzida (TVR) do rio Xingu, que afeta mais de 100 km de rio, demonstrando a inviabilidade do empreendimento do ponto de vista ambiental. Segundo os pesquisadores, a bacia do Xingu apresenta significante riqueza de biodiversidade de peixes, com cerca de quatro vezes o total de espécies encontradas em toda a Europa. Essa biodiversidade é devida inclusive às barreiras geográficas das corredeiras e pedrais da Volta Grande do Xingu, no município de Altamira (PA), que isolam em duas regiões o ambiente aquático da bacia. O sistema de eclusa poderia romper esse isolamento, causando a perda irreversível de centenas de espécies.
Outro ponto conflituoso é que o EIA apresenta modelagens do processo de desmatamento passado, não projetando cenários futuros, com e sem barramento, inclusive desconsiderando os fluxos migratórios, que estão previstos nos componentes econômicos do projeto, como sendo da ordem de cerca de cem mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos.
Questão cultural e impactos da obra sobre as populações indígenas: O projeto tem desconsiderado o fato de o rio Xingu (PA) ser o ‘mais indígena’ dos rios brasileiros, com uma população de 13 mil índios e 24 grupos étnicos vivendo ao longo de sua bacia. O barramento do Xingu representa a condenação dos seus povos e das culturas milenares que lá sempre residiram. O projeto, aprovado para licitação, embora afirme que as principais obras ficarão fora dos limites das Terras Indígenas, desconsidera e/ou subestima os reais impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais do empreendimento. Além disso, é esperado que a obra intensifique o desmatamento e incite a ocupação desordenada do território, incentivada pela chegada de migrantes em toda a bacia e que, de alguma forma, trarão impactos sobre as populações indígenas.
Como já exposto, o Trecho de Vazão Reduzida afetará mais de 100 km de rio e isso acarretará em drástica redução da oferta de água.  Os impactos causados na Volta Grande do Xingu, que banha diversas comunidades ribeirinhas e duas Terras Indígenas – Juruna do Paquiçamba e Arara da Volta Grande, ambas no Pará -, serão diretamente afetadas pela obra, além de grupos Juruna, Arara, Xypaia, Kuruaya e Kayapó, que tradicionalmente habitam as margens desse trecho de rio. Duas Terras Indígenas, Parakanã e Arara, não foram sequer demarcadas pela Funai. A presença de índios isolados na região, povos ainda não contatados, foram timidamente mencionados no parecer técnico da Funai, como um apêndice.
A noção de afetação pelas usinas hidrelétricas considera apenas áreas inundadas como “diretamente afetadas” e, por conseguinte, passíveis de compensação.   Todas as principais obras ficarão no limite das Terras Indígenas que, embora sejam consideradas como “indiretamente afetadas”, ficarão igualmente sujeitas aos impactos físicos, sociais e culturais devido à proximidade do canteiro de obras, afluxo populacional, dentre outros. O EIA desconsidera ou subestima os riscos de insegurança alimentar (escassez de pescado), insegurança hídrica (diminuição da qualidade da água com prováveis problemas para o deslocamento de barcos e canoas), saúde pública (aumento na incidência de diversas epidemias, como malária, leishmaniose e outras) e a intensificação do desmatamento, com a chegada de novos migrantes, que afetarão toda a bacia.
Quem se interessar em aprofundar no assunto é linkar abaixo que está explicando direitinho! Vamos aproveitar o calor das manifestações para lutarmos pelo nosso patrimônio ecológico tão almejado por todo o mundo.

Leia mais em: http://www.problemasambientais.com.br/impactos-ambientais/hidreletrica-de-belo-monte-impactos-ambientais/#ixzz2XpdVGCdN