Preâmbulo de um livro inacabado!
Josimara Neves
Pode ser que eu não seja um terço
do que sonhei para mim, que eu não tenha metade daquilo que pensei que pudesse
ter, que me falte dez centavos para inteirar uma conta, que eu cometa erros
numa proporção inexata de dízimas periódicas, que três décimos de mim ocultem
os meus segredos escondidos por trás de um décimo de outra parte minha.
Pode ser que eu não seja um
cálculo exato, que eu não caiba em uma equação matemática, que a minha vida não
se encaixe em nenhum conjunto no qual eu não esteja contida. Pode ser que eu
seja um elemento neutro, dentro de um conjunto inexistente!
Pode ser que eu seja o resultado
de uma operação que deu errado, cujos matemáticos não entendem, mas caso
entendam, não saibam explicar.
Pode ser que como uma adição, eu
me subtraia.
Como subtração, eu soma!
Como divisão, eu multiplique!
Como multiplicação, eu me
desdobre ou me desmembre!
Não sei! Talvez eu não saiba me
definir racionalmente. Talvez seja ilógico me autodescrever como se eu fosse
uma equação matemática, sabendo que respiro vírgulas, suspiro interjeição, exclamo
o tempo todo, interrogo constantemente e, quase sempre, nunca sei quando é hora
de pôr o ponto final.
É, talvez no livro da minha vida,
eu seja simplesmente isso: um sujeito que de tão indeterminada, tornou-se
oculta aos olhos alheios, porém, da invisibilidade oculta passou a ser um
sujeito “simples”. E dessa simplicidade, levo comigo o essencial: olhares
autênticos, sorrisos transparentes, corações abertos, amizades verdadeiras, valores
familiares e – TODOS- os sonhos que cabem (e também os que não cabem) dentro da
minha bagagem interior. E, tudo isso, porque se amanhã ou depois o trem da vida
me avisar que é hora de parar em alguma estação, eu vou ter certeza de que
levei comigo tudo o que – verdadeiramente – era importante.
“Sem mais, aqui jaz uma
mensageira do amor!”
Josimara Neves
08/06/14
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