A crise do verão!

                                                                     Josimara Neves

                                  O verão chegou para a alegria, ou o tormento das mulheres?

            Mulheres em crise! Help!!! Dietas meteóricas... Bronzeamento artificial...1,2,3 e já: escondam as estrias e as celulites! Malhação acirrada, caminhada, massagens, plásticas: UHHHHHHHHHH. Socorro, mãe!

            Também não era para menos. Vivemos num país tropical e, se não bastasse isso, ainda tem mais: estamos na era da beleza plastificada, do sorriso botoxado, das cinturas finas a custo da perda de uma costela flutuante, dos seios infláveis e insensíveis ao toque, dos cabelos regressivos e sem identidade, o mundo até parece uma fábrica de cabelos-macarrão espaguete, e ai da mulher que nascer com o cabelo-parafuso, coitada! É relaxamento, escova progressiva, escova inteligente, escova definitiva e tem escova que não acaba mais! Muitas mulheres sofrem da Síndrome PIB* (Padrão Inatingível de Beleza) e, com isso, o máximo que conseguem é a frustração, pois, jamais se acharão perfeitas ou belas o suficiente a ponto de não precisarem mais mexer no corpo.

            Literalmente, o verão é a época na qual se evidenciam os conflitos existenciais das mulheres, principalmente no que concerne à autoestima e à autoimagem. É o momento em que a sexualidade fica à flor da pele, além da comparação existente entre as mulheres que ficam reparando os corpos das outras mulheres na praia, no clube, enfim, onde houver mulher. É a época do exibicionismo descabido, do hedonismo, do prazer efêmero e fugaz, parece que é o momento de despertar, de se tocar, de reparar, de ver, de curtir tudo com intensidade.

            Ainda bem que as crises de estação duram três meses, que é quando a estação muda e, com ela, todo o cenário também se transforma! Mas as crises, quando não enfrentadas, acabam se intensificando e ultrapassando este prazo de três meses de cada estação.

            Por isso, mulheres, cuidado! Preocupem-se mais em “ser” do que “aparecer ser”, porque o primeiro diz respeito àquilo que você é, que faz parte da sua essência, seu verdadeiro “EU”; já o segundo, é tão efêmero quanto o verão que dura apenas três meses. Estabeleçam prioridades em suas vidas, façam a escolha da vida saudável e sem excessos; a reeducação alimentar é mais importante do que uma dieta louca com prazo de validade curto e com o consequente “efeito estufa” (emagrecer e engordar). Vejam pelo lado positivo: se conseguiram eliminar alguns quilos para entrar em forma para o verão, é possível fazer isso também a longo prazo e, portanto, é interessante ressignificar  sua relação com o seu corpo, com a sua autoimagem, enfim, consigo mesma! O seu cérebro foi programado para emagrecer para o verão, dessa forma, vocês poderão reprogramá-lo para prorrogar tal prazo até a próxima estação e, assim, a cada três meses (a escolha do prazo do tempo vocês é que fazem) fazer um balanço e avaliar como foi o desempenho.

            O essencial é lembrar que há escolhas que nos acompanham a vida toda, assim acontece com quem modifica os hábitos alimentares e leva isso como uma filosofia de vida, daí não tem verão, outono, inverno, primavera que venha colocar isso a baixo. Filosofia de vida é como uma crença: quando se acredita, ela passa a ser um eixo central, tudo gira em torno dela de modo que nada faça sentido sem a mesma.

            Bom verão, sem crises e sem neuras! Com diversão e proteção! É isso o que mais importa!

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* Retratada no livro “A Ditadura da beleza e a revolução das mulheres”, de Augusto Cury.