Será que “ A Culpa é das Estrelas?”
Josimara Neves
Eu não sei de quem é a culpa: se
é do “Cosmos”, das estrelas, das galáxias ou mesmo do infinito que, por sua
extensão vaga e imprecisa, acaba nos limitando um pouco. Para ser sincera, nem
sei se existem culpados. Acho que não quero transferir a responsabilidade para
terceiros, não busco assassinos para a minha vida, não acho que viver seja um
crime, ou mesmo, uma investigação que mereça culpabilizar pessoas, colocá-las
na condição de “ réus.”
Também não acho que a essência da
vida, para ser sentida e vivida, necessite unicamente de diagnósticos trágicos,
àqueles que quando descobertos, já vem com o Atestado de Óbito junto, para ser melhor aproveitada.
Às vezes, sinto que a metáfora
que melhor explica a forma como eu sinto, vivo e penso é a de um paciente em fase
terminal, talvez isso justifique a pressa em abraçar o que virá, tenho pressa do amanhã,
sonho em abraçá-lo, sem medo de deixar algo para trás. Não gosto de deixar para
depois o que posso fazer agora.
A minha intensidade nas palavras, nas falas,
no desejo de entrega, de fusão sentimental, enfim, a minha “pulsão de vida” chega a ser
hiperbólica! Sei que esse é um traço da minha personalidade que encanta, mas
que também assusta, afinal, eu não sou o tipo que deixa de falar algo porque
tem medo do impacto que vai causar, não deixo de viver o que quero viver só
porque não sei quanto tempo vai durar, talvez por isso, hoje eu tenho as minhas
histórias – únicas – para contar!
Não me importo em “viver feliz
para sempre”, até porque – longe de ser masoquista – eu preciso do sofrimento,
da desilusão, da frustração para alimentarem a minha poesia interna. Não gosto
de sofrer, mas aprendi a sofrer e, sabe, o sofrimento é uma poesia que se
escreve chorando, sofrendo, mas que – no final – vale a pena pelas estrofes que
foram escritas com “rimas rimadas” em sintonia com as vivências reais!
É isso: viver é poeticamente
sofrido, mas o ranço do sofrimento, diferente do que muitos pensam, não é a
amargura ou mesmo, a revolta. O que sobra do sofrimento é o alívio, o retorno
do direito de “respirar” de forma mais branda.
Há sofrimentos que nunca se
acabam, mas que podem ser amenizados.
Há aqueles que passam, mas deixam
“saudade.”
Existem sofrimentos que
fortalecem quando lembrados, mas também há os que enfraquecem só de imaginar
que podem voltar.
Tem sofrimento lucrativo para
quem o sente, mas que se torna insuportável para quem tem que conviver com
pessoas que aprendem a “ganhar” com as “chorumelas” da vida.
Sofrimento, assim como a dor, é
preciso aprender a conviver com a sua presença, pois do contrário, não há
espaço para a vida manifestar a sua magnitude.
Sinceramente, não sei de quem é a
culpa! Nem me interessa saber, nesse momento. Só quero continuar dialogando com
os meus pensamentos falantes, escutar o meu silêncio ensurdecedor. Quero ter o
direito de viver sem prestar contas, sem achar que tudo merece ser
compartilhado. Desejo trazer o céu para mais próximo de mim, quero viver com
pessoas que acrescentam algo. Não quero me esconder no meio da multidão para me
deparar com solidão aglutinada!
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