Querida Maria Clara, minha sobrinha linda!
Josimara Neves
Outro dia mesmo, você era tão
pequena que nos colocava diante de nossa pequenez ao ter que cuidar de você!
Nunca pensei que pouco mais que um quilo, para ser mais precisa, 1.240kg, fosse
tão expressivo quanto se trata da balança existencial! Você era um “pacotinho” que
precisava de nossa atenção, de nossos cuidados, do nosso melhor! E nós não
sabíamos como cuidar de uma bebê tão pequena e aparentemente frágil, mas que, desde
cedo, sabia o valor de lutar para viver.
Nascida prematura, aos seis meses e
meio, com os pulmõezinhos não totalmente prontos para enfrentar o mundo aqui
fora, mostrou-se uma guerreirinha forte e alegre. Chorava pouco, dormia bem e
nos alegrava o tempo todo: tanto no silêncio quanto nos choros; quando dormia, ficávamos
de plantão olhando para ver se você acordaria logo para podermos pegá-la. No
começo, dava medo, por ser tão pequenininha, mas, depois, descobrimos o prazer
de ter um bebê por mais tempo, já que você se manteve assim até começar a
espichar e a espichar.
Outro dia mesmo, você levantava os
pezinhos para tentar alcançar a maçaneta da porta...
Outro dia mesmo, você não sabia
falar, tinha o sorriso careca e pouco cabelo. Brincava de “tuti-achou” e ria
incansavelmente das mesmas brincadeiras de sempre. Jogava um brinquedinho no
chão e sentia um prazer enorme em nos ver agachar, feito bobas, pegando-o para
poder lhe entregar até você voltar a jogá-lo no chão inúmeras vezes,
vencendo-nos pelo cansaço!
Outro dia mesmo, você era
pequena...
O tempo passou e nos demos conta de
que você crescia muito, cada vez mais!
Crescia no olhar, nas ideias, nas brincadeiras, nas estripulias, na sua
criancice! Calças pegando frango, sapatos apertados, vestidos curtos..Para
trás, ficaram as lembranças do pouco tempo em que você foi pequena de tamanho,
pois, por dentro, nunca foi! Nasceu com garra, com vontade de vencer, de
competir, de desbravar o mundo! Hoje, cada vez mais crescida por fora e maior
por dentro: dá conselhos, sabe acolher, gosta de cuidar, é responsável e diz
cada pérola que é preciso gravar para nunca mais esquecer!
Às vezes eu me pego refletindo
sobre os seus dizeres e percebo o quanto de nós está em você e o quanto de você
está em nós! Estamos juntas e misturadas, perto e unidas! Lembro-me do dia em
que disse para a vovó:
“___ Vó, não precisa ficar triste! Você tem três
filhas que te amam e uma netinha que te adora!”
Em outra ocasião, escreveu para mim
quando eu iria fazer uma prova:
“___ Tia, você vai superar essa prova porque você
já superou a sua vida!”
Numa ocasião em que um coleguinha
não ganhou a competição, disse-lhe:
“___ O importante é que a gente deu o nosso
melhor!”
Enquanto brincava com dois
priminhos que estavam com medo do “monstro do espelho”, você falou para eles:
“ ___ Não precisam ter medo! Medos existem para ser
enfrentados, e monstros só existem na nossa imaginação e em lendas!”
Às vezes é difícil aceitar que você
cresceu tanto! Outro dia me deparei lhe
dizendo alguma coisa, e você simplesmente me falou:
“___ Menos, tia!
Não exagera!”
Foi aí que eu me dei conta do
quanto você cresceu por dentro! Do quanto os seus sete anos lhe deram
maturidade, apesar de você ainda ser criança!
Ontem (15/12/2013), ao vê-la nadar
numa competição, não consegui enxergar
apenas a água da piscina, você batendo os braços e as pernas com força
para chegar na frente e ganhar a competição. Eu vi você com 1.240kg lutando
para respirar, lutando para sobreviver! Ontem você ganhou a medalha de ouro, que,
na verdade, deveria ter sido entregue assim que você nasceu! Parabéns, pequena
grande criança, a nossa guerreirinha! O nosso MAIOR orgulho!
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