segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Carta da ex-namorada de um narciso!


     Josimara  Neves                                                                     


São Sebastião do Paraíso, 21 de janeiro  de 2013.
  
De: “alguém que se encontrou”
Para: “alguém que se acha”


Por muito tempo eu pensei que o problema fosse eu, sentia-me menos do que você, parecia que  nunca estava a sua altura...
Meu ego estava no chinelo...
A autoestima havia escorrido pelo ralo abaixo...
Amor próprio não existia....
Sentia-me faltosa, indesejada, desprezada...
Não sabia o que havia me restado daquilo que um dia eu fui...Não me reconhecia no espelho, parecia que eu havia me tornado apenas sombra ou seria sobra?
Diferente de você que sempre estava bem, alegre, disposto, esnobe, convencido, “se achando”. Você era o “cara”, sempre abafando, causando, chamando a atenção. Tudo dava certo na sua vida, todo mundo olhava para você, todas as meninas caíam na sua lábia sedutora, afinal, você era irresistível. Trapaceava e saia por cima, julgava-se a última bolachinha do pacote-o último dos moicanos. Acima de você somente Deus! Abaixo de você, todos. E igual a você, ninguém! Quando se olhava no espelho via a imagem similar a de um deus grego: forte, poderoso, atraente, instigante!
No banho, o momento era de êxtase total, afinal, ali você ficava totalmente sozinho consigo próprio apreciando a si mesmo em frente ao espelho embaçado...Acariciando-se, contemplando-se, masturbando-se! Acho que eu nunca fui melhor do que as suas mãos, acho que eu nunca fui boa o suficiente para lhe dar o prazer que só você consegue dar a si mesmo...Acho que eu nunca consegui ser mais do que uma imagem embaçada e disforme diante de ti – criatura empoderada.
Sentia-me pouco perto de você, parecia que eu era pequena e você grande, mas conforme o tempo foi passando, as máscaras foram caindo, os sentimentos aniquilaram-se, a relação se desgastou e o que sobrou? Para mim, a culpa e a insegurança. Sentia-me culpada por achar que eu não era boa o bastante, e insegura por acreditar que mais ninguém se apaixonaria por mim. A nossa relação acabou e eu me sentia um lixo, já você mostrou que estava bem, não sofria pelo término...
Contudo, hoje, depois de muitos anos de sofrimento tentando entender tudo o que vivemos, depois de ter feito terapia para compreender e superar as feridas que você me causou, eu tenho que lhe dizer algumas coisas que ruminaram em mim por longos anos:
Você é um narciso que se esconde atrás de uma imagem que só existe no seu imaginário, pois, você está longe de ser o que imagina ser. Não consegue enfrentar-se, não consegue aceitar-se, não consegue amar-se do jeito que é e para isso, mente para si mesmo na tentativa de se esconder;
Você precisa achar que é bom, e para isso, se autoafirma constantemente, na tentativa de acreditar ou se convencer do que diz. Se fosse bom mesmo, não precisaria cansar os outros com a sua presença imponente e falas arrogantes;
Se você precisa diminuir a mulher que está ao seu lado para se sentir superior, prepare-se, pois no máximo, você fará com que esta se torne tão pequena quanto você e no final, vocês dois serão um casal de merda.
Hoje eu entendo que tudo não passou de uma imagem distorcida, minha por achar que eu era pequena diante de você, mas agora eu sei o quanto a minha presença o amedrontava, afinal, eu era alguém REAL que brilhava naturalmente. E sua, por achar que o espelho refletia uma imagem superior, bela, atraente, enquanto que na verdade, este era refletor de uma alma fúnebre, amedrontada, insegura, confusa e vazia. Você não passa de uma ilusão, uma distorção de ótica, uma visão míope de si mesmo, um ser IDEALIZADO que se esconde atrás de irrealidades e de imaginações. Você é uma miragem, um vulto num corpo estranho, uma persona ambulante, um doente que necessita de ajuda psiquiátrica.
Termino esta feliz pela catarse e pelos aprendizados que a experiência me revelou, agora, se você não conseguiu decodificar estes hieróglifos da minha mente liberta de sua manipulação e chantagem emocional, procure um bom profissional e prepare-se porque o seu divã terá muitos pregos e espinhos. Ah, não se esqueça de comprar o kit de lenços descartáveis porque você irá chorar muito enquanto a imagem do narciso se destruirá.
“Espelho, espelho meu!
Existe alguém mais bonito do que eu”


Com todo o alívio e sem culpa alguma,

A sua ex-namorada, mais feliz do que nunca!!!

Ventaríamos pelo mundo!


Ventaríamos pelo mundo!
Josimara Neves


Eu adoro a solidão para a prática de masturbação mental.
Pena que nem todos consigam compartilhar
ou mesmo, instigar um orgasmo imaginário!!!
No mundo dos prazeres fugazes falta conexão mental!

Se eu conseguisse correr atrás do vento eu tentaria arrancar-lhe um beijo
para que este pudesse sentir os calafrios que me provoca
quando entra pelo vão da minha roupa ou mesmo,
quando toca na minha nuca.

Se eu pudesse transformá-lo em algo palpável
 eu o transformaria em um homem,
 mas preservaria a peculiaridade de “ser vento”
 e, juntos, ventaríamos pelo mundo a fora.

Seja bem-vindo/a ao "Clube dos 27!"


Josimara Neves

Seja-bem vindo/a ao seleto “Clube dos 27”: um universo intenso, momentos de insanidade e inconsequência, a vida vivida no seu seu limite máximo, sensações extasiantes, momentos efêmeros, prazeres fugazes, hedonismo nu e cru, atitudes primitivas, atos ilícitos, desejo de boicotar o mundo, buscas não concluídas, sonhos dissipados, VIDAS INTERROMPIDAS! Mistério-enigma, sarcasmo, fetiches, modismos, o mundo na palma de suas mãos: fama, sucesso, dinheiro, poder e por que não SEXO, DROGA E ROCK’N ROLL? O tempero da vida de muitos que buscam tais prazeres, mas não sabem dosar o limiar de cada um deles. Sexo é bom, mas não de qualquer jeito, nem mesmo, com qualquer pessoa! Droga: essa é como o veneno de uma cobra peçonhenta, no mínimo, traiçoeira! Rock”n roll, ah, ninguém duvida que é contagiante, tocante, envolvente! Uma tripla combinação perfeita para muitas pessoas que nem sempre se conhecem, nem sempre sabem o que querem e, consequentemente, se deixam levar sem se perceberem e, aos poucos, tudo o que, a priori, era fantasioso, mágico, acaba se tornando prazer desmedido, ações descontroladas, vícios sem volta: um suicídio a curto ou longo prazo, depende de cada um.
Talentos enterrados, carreiras decadentes e meteóricas, fama fugaz, projetos de vida jogadas ao lixo! Por que isso, meu Deus? O que está faltando para essas pessoas? Por que as drogas se tornam os “deuses” dos fracos? Por que tantos finais trágicos? Às vezes, é difícil encontrar respostas que são individuais e dizem respeito a outras pessoas, acho que por ser tão difícil entender é que os outros julgam, afinal, é muito mais fácil criticar, condenar, julgar do que procurar respostas para as lacunas que habitam a cratera existencial de cada um de nós, sim, é muito mais cômodo atirar a pedra do que socorrer os feridos, é muito mais fácil dar uma de vítima do que ser o “vilão” da história. Acho que por isso que o mundo pode ser dividido entre atores principais, coadjuvantes e figurantes, pois  há quem assuma a responsabilidade pela vida e a conduza da melhor forma possível, tem outros que sempre serão sombra, ajudarão outros a crescer, contudo  nunca assumirão a vida como ela merece; e, por fim, existem aqueles que serão figurantes de sua existência, viveram a vida e nem sentiram que estavam vivendo, apenas marcaram “presença”, mas  não se fizeram presentes!
Muitas vezes, grandes artistas, exímios gênios da  música se tornam o epicentro da vida de seus fãs, porém são figurantes na sua própria existência, deixam a desejar, se auto-boicotam, são autodestrutivos, não se aceitam, não se enfrentam, afastam de sua essência, arrastam multidões, mas vivem assombrados por um universo intrínseco sombrio, vazio e solitário!Tornam-se doentes crônicos da alma e buscam refúgio naquilo que acreditam ser o remédio para amenizar suas mazelas e abrandar as feridas imateriais – drogas– e, com isso, ferem o corpo e arrumam outras feridas para latejar! Foi assim que aconteceu com muitos do mundo artístico e, mais particularmente, do universo “Rock’n roll”: talentos múltiplos, gênios da música, polêmica, vidas similares, identificações e um desfecho trágico: overdose; mortes induzidas, suicídios....É o refrão da vida interrompido pelo silêncio da morte!
Kurt Cobain, Janis Joplin, Jim Morrison, Jimmy Hendrix, Brian Jones,  Chris Bell,  Robert Johnson, Pete de Freitas,  Kristen Ptaff,  Perter Ham: o “Grande Clube dos 27”: músicos – roqueiros, intensos, geniais, mas com suas vidas interrompidas precocemente. Agora, com mais um membro: Amy Winehouse, a jovem de 27 anos que deixou para trás lembranças de sua curta passagem pela Terra. Seriam eles “vítimas do destino” ou “vítimas de si mesmos”?
Ficará a lembrança, as músicas eternizam as pessoas: pobres mortais!
Enfim,

“CLUBE DOS 27": mistério e sina que pairam além de
" SEXO, DROGAS E ROCk'N ROLL”.
E quem não tem um lado “Amy”, que atire a primeira pedra!
Não concordo quando se diz que idolatramos ídolos de barros, acredito que são ídolos de cristais: belos, transparentes, raros, porém, FRÁGEIS!

O que "significa" pão português? Você sabe?


                             O que "significa" pão português? Você sabe?
                                                     Josimara Neves
Às vezes, por conviver com as mesmas pessoas neste universo da psicologia, acabamos falando termos técnicos sem perceber, fica tudo muito “psicologizado”. Outro dia, um acontecimento me fez perceber o quanto tudo ficou sério demais sem que eu percebesse. Fui  à padaria , apontei para um pão e perguntei: o que é isso?
O atendente me respondeu:
____ Pão Português...
Para mim tinha dado no mesmo, pois eu não sabia o que era, então respondi:
____ Que significa?
O moço, rapidamente, me respondeu:
___ Que significa é o que tem dentro?
Eu dei uma risadinha como que quisesse dizer “a ficha caiu” e respondi:
___ É .
Ele disse:
___ Rúcula, tomate seco e queijo (bem, acho que era isso, depois deste aprendizado o que menos me importava era o que tinha dentro). Acabei comprando o pão e fui embora reflexiva, pois naquele momento, aquele simples atendente havia me dado uma lição de moral sem que ele soubesse, fez-me um chamamento para que eu me perceba mais e pare de complicar aquilo que é simples e fácil. Mais é claro que para comprar um pão eu
não preciso saber o que ele significa, mas “o que ele tem dentro”. rsrsrs
Antes de entrar na faculdade eu tinha um amigo imaginário chamado “Faustão”. Depois da faculdade, descobri que eu tenho um fantasma que me acompanha chamado “Superego”. Geralmente, ele se apresenta como um juiz que não faz outra coisa a não ser me dar cartão vermelho!!!!

Solidão...



Solidão...
                                                                                                                                   Josimara Neves
Ah, se fosse fácil o autoconhecimento, certamente, a função terapêutica seria desnecessária. Nem todo mundo consegue ficar sozinho achando, equivocadamente, que teme a solidão enquanto que na verdade, o que se teme é o mundo ativo que existe dentro de si. Procuramos os mundos alheios pela comodidade e pela facilidade de acesso, em contrapartida, fazemos o caminho inverso para não nos depararmos com o nosso interior achando que assim, resolveremos o problema da solidão.
Por que será que tememos algo que nos constitui?
Será que temos medo de descobrir que não somos auto-suficientes, que não nos bastamos?
Será que temos medo de descobrir que os erros que não aceitamos  nos outros também existem em nós?
Realmente, existem muitos mistérios ocultos no universo da solidão, mistérios estes que só serão descobertos se ousarmos pousar na sombra da grande árvore imersa no interior de nossos corações e sobre ela derramarmos as lágrimas que foram contidas como sinal de fortaleza humana.
O reconhecimento de que a solidão é uma condição humana na qual nenhum de nós poderá vencê-la sem enfrentamento é o primeiro passo para aprender a conviver com os buracos da alma, os vulgos vazios existenciais.


Um dia você aprende que:
 Josimara Neves


Dar murro em ponto de faca fere!
Calar quando é preciso falar causa arrependimento com consequente dor de cabeça e palavras proferidas a si mesmo, tais como: "Eu sou burro, eu deveria ter falado"!
O impulso pode levar a consequências não desejadas.
A ousadia nem sempre é bem vista, mas necessária para quem almeja alçar voos mais longínquos.
Cair de bicicleta machuca...
Você não precisa ser galinha para chocar, basta se diferenciar!
Você não precisa entender sobre política se você  a importância de se construir redes e estar onde os políticos estão. Embora isso tabém já seja política.
Você não precisa entender nada, se souber como se faz!!


Josimara Neves

Saudade...

 “Saudade”
                                                           (Josimara Neves)
A “saudade” é um vazio que aperta...
Um poço sem fim...
Um eu sem mim...
Um desencontro eterno...
Uma insatisfação que não se satisfaz...
                                                              Uma busca sem nomes e sem destino...
                                                              Uma herança sem permissão...
                                                             Um conto sem fadas...
                                                             Um caminho de longas estradas...
                                                                       (.....................................................................)
                                                                     Será que existe saudade sem precedente?